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PARA MEDITAR - EU SOU O QUE SOU

-Mestre, como pode permanecer tão passivo, sem reagir diante das tantas agressões que as pessoas te oferecem?
-Entre a passividade e a agressividade, está o oásis da serenidade. É onde gosto de banhar minhas palavras e atitudes.
Veja, ninguém está aqui para me agredir. Seria muita presunção de minha parte acreditar que sou alvo de tanta atenção. Aquele que me agride está apenas tentando esconder as próprias feridas. O seu verdadeiro conflito não é comigo, mas consigo mesmo. Se eu retorno o insulto a quem me insulta e revido as suas agressões, identifico-me com aquilo que supostamente eu repudio e duplico aquela energia tóxica. Não faz sentido. Prefiro ouvir o conselho do silêncio e seguir o meu caminho, onde a raiva não encontra passagem.
Aquele que dispara a flecha está apenas fugindo do enfrentamento das suas próprias questões. Mergulhado que está em suas dores, grita essa dor para o mundo. Suas demonstrações de violência são um desesperado pedido de socorro. Ele não encontrou ainda as armas para combater os seus demônios e firmar suas virtudes. Está imerso na raiva, o que não significa que eu preciso mergulhar no mesmo pântano. A agressão pertence a ele, não a mim. Eu escolho não aceitá-la. Meus rios são feitos de águas calmas.
Por isso, meu filho, antes de olhar para fora e julgar as pessoas, olhe sempre para dentro. Assim aprenderá a ser mais compassivo com as dores do outro. Só a compaixão leva à emancipação da raiva e apazigua nossas águas. Se dá demasiada importância aos insultos que te oferecem, você os toma para si. Se, contudo, você estiver verdadeiramente em paz com o seu mundo íntimo, a agressividade não poderá florescer em vosso templo. Mesmo que atirem essa semente no seu jardim, você escolheu não cultivá-la.
A serenidade é a árvore sob a qual o sábio repousa para observar a fúria dos vendavais.

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